quarta-feira, 28 de maio de 2008

NOVELA: FOGO SOBRE TERRA (1974).



REGINA DUARTE EM FOGO SOBRE TERRA (1974)


 
REGINA DUARTE É FOGO SOBRE TERRA!!
FOGO SOBRE TERRA (1974) foi a gota d´água para Regina Duarte.

A atriz ficou decepcionada ao receber mais uma heroína romântica das mãos de Janete Clair. "Foi nessa novela que eu senti que só poderia mostrar aos autores que eu era capaz de vôos mais altos como atriz se fosse para o teatro", conta Regina no livro Nossa Senhora das Oito.

REDE GLOBO novela de JANATE CLAIR maio de 1974 à janeiro de 1975 209 capítulos - 20h direção de WALTER AVANCINI Curiosidades: Janete queria levar ao ar a história de Fogo sobre Terra no ano anterior, com outro título e os astros Francisco Cuoco e Tarcísio Meira como Diogo e Pedro. Impedida pela censura, a autora criou às pressas o enredo de O Semideus, e, quando a outra história foi liberada, já não podia contar com Cuoco e Tarcísio, que foram deslocados para atuar juntos em O Semideus.

Os personagens então ficaram para Jardel Filho e Juca de Oliveira.

Grávida de Clara, sua terceira filha, Dina Sfat interpretou Chica Martins, e, a certa altura da história, a produção teve de se preocupar com as cenas e os figurinos de Dina, já que a personagem não estava grávida.

O tema de abertura era uma canção homônima composta por Vinícius de Moraes e Toquinho.

A Rede Globo está programando um remake de Fogo sobre terra em 2009 para o horário das seis.

A trama chegou a ser chamada de Cidade Vazia e Muralhas de Jericó, antes de terem batido o martelo sobre o título.

Em 2005, o autor apresentou à Rede Globo uma sinopse de um remake de Fogo sobre Terra para 2006, às 18h, mas o projeto foi adiado para que o autor co-escrevesse Paraíso Tropical.

A música "Uma rosa em minha mão" cantada por Marília Barbosa e que fazia parte da trilha sonora da novela é de autoria de Toquinho e tem letra do Vinícius de Moraes, até aí tudo bem, se não fosse a seguinte curiosidade que acho que ninguém sabe: como a música não decolou, o Toquinho mudou a letra da música e a transformou no mega sucesso "Aquarela"...

A letra original era assim:"Procurei um lugar, com meu céu e meu mar, não achei, Janete queria levar ao ar a história de Fogo sobre Terra no ano anterior, com outro título e os astros Francisco Cuoco e Tarcísio Meira como Diogo e Pedro. Impedida pela censura, a autora criou às pressas o enredo de O Semideus, e quando a outra história foi liberada já não podia contar com Cuoco e Tarcísio, que foram deslocados para atuar juntos em O Semideus.

Os personagens então ficaram para Jardel Filho e Juca de Oliveira. MUSICA DE ABERTURA: Fogo sobre terra.

A gente às vezes tem vontade de ser.
Um rio cheio pra poder transbordar,
Uma explosão capaz de tudo romper,
Um vendaval capaz de tudo arrasar.
Mas outras vezes tem vontade de ter.
Um canto escuro pra poder se ocultar,
Um labirinto onde poder se perder.
E onde poder fazer o tempo parar.
Oh, dor de saber que na vida.
É melhor de saída. Ser um bom perdedor!
Amor, minha fonte perdida, Vem curar a ferida.
De mais um sonhador...

Na Cidade de Divinéia, em Mato Grosso , a notícia de que o lugarejo vai ser tragado pelas águas do rio Jurapori com a construção de uma barragem na região deixa dois irmãos, criados separados um do outro, em lados opostos.

Pedro Azulão, que sempre viveu em Divinéia, decide lutar pela preservação da cidade, enquanto o engenheiro Diogo, que cresceu no Rio de Janeiro, é um dos responsáveis pela obra.

Os dois disputam o amor da mesma mulher, Chica Martins, que possue um irmão ciumento, Peixoto e uma irmã cleptomaníaca Célia. O conflito aumenta com a chegada da jovem Bárbara, que se aproxima da índia Nara sem saber que ela é sua verdadeira mãe.

ELENCO:

Regina Duarte - Bárbara
Juca de Oliveira - Pedro Azulão
Jardel Filho - Diogo
Dina Sfat - Chica Peixoto Martins
Luis Melo - Peixoto Martins
Fúlvio Stefanini - Gustavo de Almeida
Jandira Martini - Célia Peixoto Martins
Marcos Paulo - André
Neuza Amaral - Nara
Sônia Braga - Brisa
Gilberto Martinho - Zé Martins
Jayme Barcellos - Dr. Heitor Gonzaga
Aracy Cardoso - Dra. Lisa
Françoise Forton - Estrada de Ferro
Edson França - Nilo Gato
Herval Rossano - Artur Braga
Roberto Bonfim - Saul
Monique Lafond - Judi
Rosana Garcia - Vivi
Ricardo Garcia - Ônibus
Ada Chaseliov - Maria Paula
Isaac Bardavid - Salin
Tamara Taxman - Jamile
Germano Filho - Quebra-Galho
Ênio Santos - Juliano
Lícia Magna - Isabel
Roberto Vieira - Cabo Anacleto
Ivan de Almeida - Moura
Dary Reis - Tonho
Edson Silva - Neves
Darcy de Souza - Ivone
José Miziara - Amadeu
Gessy Fonseca - Celeste
Léa Garcia - Rita
Ida Gomes - Frida
Lurdinha Bittencourt - Suely

MAIS SOBRE FOGO:

Janete Clair era de uma criatividade fora do comum. Ela sempre tinha uma história na cartola para contar. Se não tivesse, adaptava suas novelas radiofônicas para a televisão. Não sei por que, os remakes das suas novelas não fazem sucesso. Acredito que ela escrevia pensando muito no ator que iria interpretar determinado personagem.

Talvez por isso, seja impossível recriar uma Dina Sfat, um Francisco Cuoco daquela época, uma Regina Duarte da década de 70, e um diretor como Daniel Filho que fazia com ela quase uma parceria. Um tinha que aprovar a opinião do outro, caso contrário a obra não ficava boa. Foi assim que eles formaram uma dupla muito decente de respeito na história da teledramaturgia. Aliás, mesmo quando o diretor não estava na novela, ele estava como diretor artístico da Globo, portanto, estava sempre por perto.

Foi com este clima que ela escreveu em 1974, a novela “Fogo Sobre Terra”, para o horário das 20h (Rede Globo), com direção de Walter Avancini. Porém, mesmo grávida, fez questão de ter Dina Sfat no elenco. Dina topou e atuou grávida, como tinha feito em “Verão Vermelho”, do marido da escritora, Dias Gomes. A história girava em torno da desapropriação de uma pacata cidade chamada Divinéia, no interior de Mato Grosso, para que suas terras fossem invadidas pelas águas do rio Jurapori, onde seria construída uma barragem.

Enquanto isso, rolava o conflito dos irmãos Pedro (Juca de Oliveira) e Diogo Azulão (Jardel Filho), colocados em campos opostos na história da desapropriação. Pedro era contra a construção da barragem, porém Diogo era o engenheiro responsável pela obra. Desde o início, Janete deixou claro que Pedro era o herói da novela e Diogo, o vilão. Eles disputavam a mesma mulher, Chica Martins (Dina Sfat). Para esquentar ainda mais o conflito, chegou à Divinéia a jovem Bárbara (Regina Duarte), que passou a morar com a índia Nara (Neuza Amaral), sem saber que está era sua mãe. Ainda por cima, ela se apaixonou por Pedro e acabou convencendo-o pelo amor, pelo filho que esperava dele, a abandonar a cidade.

Finalmente, a barragem foi inaugurada e às águas do rio invadiram a cidadezinha, tragando em suas torrentes a doce Nara (Neuza Amaral), que preferiu morrer afogada a ter que abandonar sua casa. Aliás, as cenas das águas invadindo a cidade se tornaram históricas, como vocês podem ver no site do YouTube, logo abaixo.

Este o estilo Janete Clair de criar. É importante dizer que está novela foi um grande destaque na carreira da atriz Dina Sfat, mesmo atuando grávida. A trama de “Fogo Sobre Terra” estava escalada para ser exibida em 73, porém por problemas com a censura adiaram por um ano a sua realização. Mesmo assim, foi uma obra incompreendida, pois a trama foi muito prejudicada pelos cortes que a autora teve que fazer para adaptá-la às exigências dos censores de plantão. Ela teve que rasgar doze capítulos e muitas cenas saiu de sua máquina e não chegaram à TV.

Sem a paixão que recheava qualquer discussão política ou cultural daquela época, a trama podia ser vista como uma crítica às obras do Brasil grande com que o governo fazia seu markenting. Mas devido aos cortes, muitos capítulos iam ao ar sem nexo, truncados, e o público se não confiasse em sua autora, teria achado que ela enlouquecera, mas não era fácil dizer verdades naqueles tempos de chumbo.

Mesmo assim, Dias Gomes, Ivani Ribeiro e Janete Clair, reinaram absolutos na televisão brasileira. Hoje em dia essa qualidade foi pelo ralo. Como disse a sábia e experiente Laura Cardoso em recente entrevista para o Globo: “tudo que tem mais quantidade sempre perde em qualidade”. Esta é a grande verdade: quantidade nunca foi sinônimo de qualidade.

No elenco, entre outros, estavam Jayme Barcellos, Sônia Braga, Aracy Cardoso, Fúlvio Stefanini, Ênio Santos, Françoise Forton e Herval Rossano.

Os "intrusos" da cidade grande chegam à pacata Divinéia, no interior do Mato Grosso, com uma missão: desviar o curso do rio Jurapori, que corta a cidade, e instalar uma hidrelétrica. A conseqüência disso seria o desaparecimento de Divinéia, submersa nas águas.

Chefiando a equipe de técnicos responsáveis pela obra, está Diogo Gonzaga, um dos maiores interessados no progresso que a barragem irá trazer à região. Seu irmão, Pedro Azulão, é um conhecido morador da cidade, respeitado e admirado pela população, que não aceita a imposição do progresso em detrimento da natureza. Os dois cresceram separados, pois, ao perderem os pais em um desastre, Pedro ficara com a tia Nara e o beato Juliano, enquanto Diogo fora para o Rio de Janeiro com o milionário Heitor Gonzaga. As complicações não paravam por ai: Nara tivera com Heitor uma filha, Bárbara, que fora criada pelo pai no completo desconhecimento de sua mãe.

Bárbara, moça rica e insatisfeita, chega a Divinéia com Diogo e não entende por que Nara está sempre ao seu lado, com aquele jeito de indígena, característico da população local. A moça sofre de crises nervosas que lhe provocam uma cegueira momentânea, conseqüência do trauma sofrido ao ser afastada da mãe.

Pedro e Diogo, além do conflito causado pela hidrelétrica, entram em disputa pelo amor de Chica Martins, indomável mulher de temperamento ardente que acaba ficando com o irmão engenheiro. Por sua vez, Pedro liga-se cada vez mais a Bárbara, com quem acaba se casando.

Ao lado desses dramas, prosseguia o conflito maior entre o progresso indiscriminado e a preservação da terra natal. Depois de tentar, em vão, convencer Diogo a desistir da usina, Pedro Azulão incentiva o povo de Divinéia a pegar em armas em defesa da cidade. Mas acaba vítima de uma tocaia e é preso acusado de tentativa de homicídio.

O líder camponês livra-se das acusações e chega à conclusão de que é inútil resistir ao poder do progresso. Decide então ser tragado pelas águas - seu derradeiro protesto. No último momento surge Bárbara, pedindo-lhe que abandone a casa, pois ela espera um filho dele. A paternidade emociona Pedro, que sai feliz, abraça a todos e não percebe que lá dentro ficou Nara, também decidida ao sacrifício final. Os diques abrem-se, as águas invadem Divinéia, Nara desaparece na enxurrada e o progresso vence finalmente.

MAIS CURIOSIDADES:

Janete Clair começava a mostrar uma força maior, não se preocupando apenas em entrelaçar os personagens. A autora retomava a linha do drama rural de Irmãos Coragem e abordava um tema social rico em emoção e conflitos: o homem do campo, cheio de preconceitos com relação ao progresso, que não aceita abandonar suas terras e se desvincular de suas raizes, procurando impedir, de todas as maneiras, o progresso da região.

A princípio parecia que a novela adotava o ponto de vista do progresso, criticando o homem do campo, cheio de preconceitos. Na verdade, o efeito foi o oposto, com o público identificando-se com os moradores de Divinéia. Em vez da aceitação do progresso indiscriminado, o que ficou marcante foi a defesa da natureza, a preocupação ecológica que se iniciava no Brasil.

A novela registrou uma boa audiência, mas, apesar disso, a autora não conseguiu escapar dos clichês de sua obra na época, que era rejeitada pela crítica pelo excesso de fantasia de seus textos, pelas coincidências absurdas que recheavam suas tramas, pelo romantismo exarcebado com que desenvolvia um enredo.

A trama da novela havia sido vetada pela censura um ano antes - seu título original era Cidade Vazia. Janete então escreveu O Semideus para que no ano seguinte Fogo Sobre Terra pudesse ser liberada.

Daniel Filho menciona em seu livro Antes que me Esqueçam:"Até agora não sei porque Fogo Sobre Terra foi proibida (...) O Governo não gostou e cassou a produção sem dó nem piedade, talvez por enxergar semelhanças entre a história e a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que estava em pleno andamento".

"Fizemos três novelas em uma só: uma que foi escrita, outra que foi realizada e uma terceira que foi ao ar." Um dos diretores de produção assim definia a batalha que foi a gravação de Fogo Sobre Terra. As dificuldades advieram da interferência da Censura, descontente com os rumos que a história tomara. Vários capítulos tiveram que ser regravados e outros tantos reescritos até que as autoridades ficassem satisfeitas.

O pivô da celeuma era o personagem Pedro Azulão (Juca de Oliveira) que liderava os moradores de Divinéia contra a construção da hidrelétrica. A Censura não gostou de seu comportamento e exigiu que ele se emendasse. A autora pensou em dar uma morte heróica para Azulão, mas as autoridades preferiam que, em vez de mártir, ele se tornasse um cidadão cordato.

Contou Janete numa entrevista queixando-se veladamente da Censura:"É preciso dizer que não tem sido fácil escrever Fogo Sobre Terra. Por vezes o telespectador deve ter achado um capítulo sem nexo, truncado, e deve ter imaginado que eu enlouqueci. Não é fácil dizer a verdade. E, às vezes, ela vai ao ar mutilada por mil injunções. Em Fogo Sobre Terra, de uma só vez, tive que rasgar 12 capítulos. E muitas cenas sairam de minha máquina e não chegaram ao vídeo".

E em outra entrevista, em 1980:"Fogo Sobre Terra não chegou a acontecer. Foi uma novela escrita com carinho, com boa vontade, mas que não rendeu aquilo que eu esperava. (...) Foi minha novela mais prejudicada pela censura, porque, apesar de Selva de Pedra ter sido vetada em cerca de 20 capítulos, depois eu consegui engrenar de uma maneira muito feliz e sem outras amolações. Com Fogo Sobre Terra, tive problemas com a censura do início ao fim da novela."

Uma cena marcante: no final a barragem é inaugurada e as águas do Jurapori invadem a pequena Divinéia, tragando em suas torrentes a personagem Nara (Neuza Amaral), que preferiu morrer a abandonar a cidade.

Um grande destaque para Dina Sfat, perfeita como a irreverente Chica Martins, mesmo atuando grávida de sua terceira filha, Clara.

TRILHA SONORA:

TRILHA SONORA NACIONAL:

1.As Cores de Abril - Toquinho e Vinícius (tema de Bárbara)
2.A Senha do Lavrador - Ruy Maurity (tema de Diogo)
3.Uma Rosa Em Minha Mão - Marília Barbosa (tema de Brisa)
4.Calmaria e Vendaval - Djavan (tema de Pedro Azulão e Chica)
5.Pele de Ouro - Ruy Maurity (tema de André)
6.Fogo Sobre Terra - Coral Som Livre (tema de abertura)
7.Com Licença - Ruy Maurity (tema de Jamile)
8.Divinéia - Eustaquio Sena (tema de locação: Divinéia)
9.Planta Baixa - Betinho (tema de Chica)
10.Ai Quem Dera - Instrumental (tema de Nara)
11.Passarinhada - Ruy Maurity (tema de Pedro Azulão, Diogo, Chica e Bárbara)
12.Fogo Sobre Terra - MPB-4 & Quarteto Em Cy (tema de encerramento)


TRILHA SONORA INTERNACIONAL

1.La Chanson Pour Anna - Free Sound Orchestra (tema de Bárbara)
2.It's All In The Game - Tyrone Davis (tema de Jamile)
3.Machine Gun - The Commodores (tema de locação)
4.Seasons In The Sun - Terry Jacks (tema de Brisa)
5.Sleepin' - Diana Ross (tema de Chica)
6.Tic Tac - Alarm Clock
7.I Won't Be Following You - B. J. Thomas (tema de Pedro Azulão e Chica)
8.Don't Be Down - Papi (tema de Diogo)
9.Rhapsody In White - Barry White (tema de locação)
10.Can We Love Forever - The Whispers (tema de André)
11.Son Of Sagittarius - Eddie Kendricks (tema de Gustavo)
12.Bite You - Bo Diddley
13.I'll Love You Tenderly - King Lou (tema de Pedro Azulão e Bárbara)
14.Black & Roll - Max B.







2 comentários:

gisele disse...

O que eu queria entender foi o casamento de Bárbara e Gustavo.Foi anulado? Eu tinha sete anos na época e não manjava nada. Só queria assistir a Regina atuando. Só ela me interessava. Ela foi meu ídolo de infância a quem costumava assistir desde "Minha Doce Namorada".
Foi

Sérgio Gaiafi disse...

A novela foi muito boa em todos os sentidos.